
A cultura como sabedoria organizacional
Por Rafael BuzonChega um momento na vida de uma empresa na qual ela começa a investir em definição de governança, otimização de processos, criação de metodologias e padrões a fim de sustentar seu crescimento.
Nesta fase de mudança, onde tudo ainda está sendo definido e várias pessoas novas estão se integrando ao sistema, o que temos são indivíduos que estão com as melhores intenções e procuram realmente fazer um bom trabalho. Entretanto, o que prevalece neste contexto é um conjunto de especialidades individuais que, mesmo sendo interessantes, no contexto, acabam dificultando o andar de um projeto!
Vamos entender por quê:
O Analista/consultor que define com o cliente os requisitos e todas as regras de negócio necessárias para o sistema atender todas suas necessidades. Isso tudo é documentado dentro dos prazos do projeto seguindo as melhores práticas que ele conhece de especificação.
O tester procura desenvolver um roteiro bem detalhado para testar o sistema em todos os seus aspectos.
O Desenvolvedor pretende desenvolver a arquitetura do sistema e validar todas as rotinas, telas, casos de uso, permissões em uma documentação auxiliar de apoio ao software.
ENTRETANTO, O PROJETO TEM 2 SEMANAS!
Então começam os conflitos:
Tester diz: Caramba, falta dizer na especificação quantos pixels precisa de “respiro” entre a logomarca e o campo de login. Cadê os diagramas de sequencia pra eu validar o fluxo? Será que o cliente vai querer a mensagem de erro padrão ou uma personalizada? Pede para atualizar a documentação, senão não dá pra trabalhar.
Desenvolvedor diz: Eu estou fazendo exatamente como está na especificação. Era pra ter uma vírgula aqui?
Analista diz: Poxa vida, se eu tiver que detalhar até a posição da cadeira do desenvolvedor no momento de criar este requisito, eu preciso de 2 meses.
Todos nós trazermos conosco experiências interessantes e rotinas de talhado que funcionavam em outros lugares. A questão, entretanto, é: como adequar aquilo que eu sei fazer, ao contexto do projeto no qual estou inserido? E mais: até onde eu vou ou deveria ir no detalhamento, considerando o que já está subentendido pela nossa equipe? Como podemos, como equipe, sermos mais eficientes e entregar mais em menos tempo?
O que quero defender, portanto, é que se consegue uma produtividade maior e uma eficiência sensível nos projetos quando existe uma uma cultura que permeia as atividades e processos, preenchendo a lacuna daquilo que foi omitido, otimizado, subentendido.
Eu vejo a cultura como um aquele conceito de éter da filosofia:
“Éter é palavra de origem grega: aithér, que significava, primitivamente, uma espécie de fluido sutil e rarefeito que preenchia todo o espaço e envolvia toda a terra (ubiqüidade: o estar em toda a parte a todo o tempo).
http://www.orgonizando.psc.br/artigos/hst-eter.htm
Logo, a cultura organizacional é o éter que dever ser estimulado constantemente.
Quanto mais a cultura estiver enraizada na mente dos membros de uma equipe, mais será obtido com menos esforço.
Logo, uma equipe que tenha uma cultura bem estimulada consegue identificar o perfil de um projeto, suas características e necessidades, o que será necessário para que o outro membro do projeto faça seu trabalho com exatidão, enfim… um membro começa a entender do “negócio” do outro e a agir de acordo com as necessidades… Isso gera valor para todos.
Ainda há, entretanto, a questão de como estimular a cultura. A princípio ela vem com o tempo, mas isso não é garantido… é preciso mecanismos para que seja realmente eficiente e concretizada…
Isso será insumo para próximos post… Até lá.
Cara..é tudo verdade!